25 março 2007

peQueNaS NoStaLGiaS

autor: RoGério Coelho in OLHARES.com


Desci o mondego sem hesitar, munida apenas do barco de pequeno porte que me transportou até ao destino e do medo de partir para terras incógnitas.. Olhar posto no desconhecido, desabei no Tejo, sem pedir licença às águas que me embalaram..


Agora, aqui me encontro, habitante das Lezírias, morrendo de saudades da cidade que me abraçou desde a infância..


E, se há dias em que não me incomoda esta pequena distância, há outros em que a saudade me consome num desejo inevitável de regresso à margem..


Cheguei aqui, sem forças para estar, e, com o passar dos anos, aprendi a amar este pequeno lugar à beira-tejo que tão magnificamente me acolheu..


autor: RoGério Coelho in OLHARES.com


Esperava-me uma nova vida, que não pretendia acolher com facilidade.. Aqui nada parecia fazer sentido com o meu passado.. Mas mergulhei fundo, decidida a fazer valer a pena cada segundo distante do espaço conhecido.. nem sempre foi fácil, e muitas vezes deixei-me ir ao fundo sem força para mais uma braçada..

Este país estrangeiro, de dificil adaptação, começou por ser o meu maior pesadelo.. Uma vida só minha.. e que estranha me parecia esta nova realidade..

Aos poucos fui-me adaptando e passei uma fase de total deslumbramento que me fez desejar nunca mais abandonar o Tejo.. apesar das contínuas saudades do Mondego..

cresci didvidida por dois rios, duas vidas distintas, duas realidades opostas, dois mundos paralelos..

Agora, vivo uma fase de total indiferença.. Já não me sinto parte de lugar algum.. talvez venha a subir a Douro, quem sabe.. a vida é uma eterna passagem de margem em margem, em busca de um lugar onde nos sintamos adaptados.. do qual façamos parte íntegra..

autor: RoGério Coelho in OLHARES.com


Na verdade, não há lugar algum onde não paire a mesquinhez, as mentalidades retrógadas, o instinto predador.. As diferenças acabam por tornar-se semelhanças aos nossos olhos e pensamos nunca mais encontrar o lugar ideal onde pernoitar por tempo indefinido..

Não há cola que me prenda em sítio algum..


Vou-me procurando;
e achando um pouco, em algo de mim,
em cada sonho que adormeço;
em cada acordar que levanto.

Debaixo de cada pedra;
encontro um chão molhado,
e uma minhoca da terra
e um bicho de contas, sem contar

Vou-me procurando;
e achando um pouco, em algo de mim,
e mesmo assim sempre que olho
ainda falta tanto, do meu caminho

autor: Stranger à la carte in Palavras que sentem/Taskinha das letras
Na verdade, o objectivo deste post prentende apresentar-vos três grandes desconhecidos na minha vida.. de lugares opostos.. precisamente os três em que me divido.. O Mondego, o Tejo e o Douro..
Abraça-me..
E não me deixes vaguear
por caminhos escuros,
promiscuos..
por onde já me arrastei na dor..
autor: SoRRiSo

24 março 2007

aLeRGiaS

o menino Jay em mais uma das suas fabulosas produções!


Se para alguns Primavera é sinónimo de alegria, para mim é simplesmente sinónimo de alergia.. e as únicas pessoas que ganham com isto são os alergologistas (mais uma coisa que gosto, fazer testes de alergologia!), e as grandes empresas farmacêuticas.. malditos! aposto que são eles quem encomenda este maldito vírus "polenioso"..
jesus maria josé.. ando feita num oito, seja o que for que esta expressão quer dizer.. comichões, borbulhas que só apetece comichar, os olhos sempre a lacrimejar descontroladamente, os espirros intermináveis, o nariz sempre a pingar e cheio de feridas, a garganta seca de um modo que nem a água lhe vale.. pois é, o cenário não é bonito..
e não sou só eu, com certeza.. Quantos não rogam mil pragas a esta estação?
Quantas não são as pessoas que, nesta estação, só lhes apetece ficar trancadas em casa sem dizer olá ao sol e aos poléns que esvoaçam sobre as nossas cabeças sem pedir licença para pousar e a.. a.. a.. atchim.. (santinho!) Quantas? uma infinidade de gente, está visto..
Nesta altura fica tudo muito mais bonito, é verdade, as árvores deixam-se enfeitar naturalmente por novas folhagens, enfeites estes bem mais bonitos que os enfeites natalícios.. mas, pelo menos as frenéticas luzes de natal não no cobrem de comichões.. ai, e este mal estar que não acaba..
Esta época anuncia a chegada das andorinhas, uma das espécies avícolas que mais gosto, e o seu doce (e , por vezes, também, incomodativo).. os sentimentos andam ao rubro e dão-se as mais insólitas paixões, quer no universo adolescente quer nos restantes.. sim senhora, tudo muito bonito, de facto.. mas.. será que o polén é mesmo necessário?
duh!, claro que sim.. caso contrário a reprodução não seria possível.. mas.. será que ele podia não esvoaçar tanto? mas esse é o trabalho das abelhas, das borboletas e dos pássaros.. porque temos nós, seres humanos alérgicos, de levar com ele também?! jesus maria josé
Bem, apenas sei que estou ansiosa que isto passe depressa.. que a primavera termine e leve consigo todas estas indisposições provocadas por estas partículas enervantes..
Quero um Dr House só para mim..

DiSpeNSam-Se apReSeNtaÇõeS..

* imagem da colectânea magnífica do menino Jay, um desconhecido que admiro muito!




Após a criação do blog e o desbravar de terrenos desconhecidos e movediços, voltei para falar um pouco de mim.. não sei se por ser egocêntrica, se por achar que isso é, de certa forma, importante para quem aqui se perde, nem que por breves segundos, ou por não ter mais nada para fazer ou escrever.. (note-se a grande probabilidade desta ultima hipótese) De qualquer modo, julgo que pouco compreenderão daquilo que escrevo se não tiverem uma mais pequena noção de quem vos escreve..





Adiante..



Sou oriunda de um cantinho à beira mar plantado, repleto de pescadores e "peixeiras", de agricultores e comerciantes de feira, de pessoas que falam muito alto com um sotaque enervante de que pouco se percebe.. não, não sou da nazaré.. é bem mais bonito e solitário que isso.. Gosto, por isso, de estar em silêncio, ouvindo o quebrar violento das ondas.. e é com o mar que me identifico.. sempre em movimento, sempre a ir e a voltar sem saber bem o que quer.. e, note-se, que as águas nunca são as mesmas, por mais que nos pareçam iguais.. em constante renovação, assim sou eu.. hoje uma coisa e amanhã outra.. também posso mudar em poucos segundos.. não, não sou bipolar, sou só inconstante.. e que o afirme quem me conhece, ou pensa conhecer..



Já tive níveis anti-sociais elevados e talvez este seja um óptimo exercício de mudança.. partilhar com uma comunidade incógnita aquilo que me vai na alma..



Sou um ser de paixões.. hoje sim, amanhã não.. aquilo de que gosto muito hoje posso já não gostar amanhã.. por isso, tento viver um dia de cada vez.. serena e apressadamente devoro o mundo!



Não sou grande fã de tecnologias perversas, gosto da vida ao natural, ou não fosse eu menina de campo.. Gosto de acordar de manhã e dar uma corrida com o meu filho mais velho (que por acaso é o meu companheiro canino).. correr na praia junto ao mar, correr nos inóspitos pinhais por detrás de minha casa.. Gosto de andar desprovida de bens materiais (e interpretem como entenderem melhor!)..



O meu "marido" mora do outro lado do oceano, mas nem isso me faz desesperar.. gosto de sentir a saudade retorcer-se dentro de mim até à angústia.. Adoro ter altos e baixos..



O que me faz sorrir: a poesia de Fernando Pessoa (porque afinal de contas, também eu, sou uma fernanda pessoa!), o vento, a chuva, o teatro, a minha duende verde, os caracóis de um estranho, a minha bola de sabão, um pequeno macaco peludo, os meus miúdos, a minha "almofada" de conflitos, a Sónia (ai, os seios da sónia, quem não se lembra!), a Rua Sésamo, o Bocas, os Amigos do Gaspar, andar de bicicleta pelos matos em busca de um objectivo, saltar à corda até não aguentar mais o cansaço, cadernos de apontamentos onde possa rabiscar uma qualquer patetice que me surja à mente no momento, a bruxa da minha prima e as nossas idas ao karaoke dos maluquinhos, escrever, desenhar, pasear nos cemitérios da cidade!, e mais um chorrilho de coisas que agora nao me ocorrem..



O que me faz rir incansavelmente: a programação da tv, as publicidades ridiculas da nossa televisão actual, algumas adversidades da vida, as discussões dos meus pais, o feitio intransponível da bola de sabao, os meus pressentimentos que estão sempre certos, mas aos quais só dou importância quando se confirmam e é tarde demais, as piadas da morcega a partir de certas e determinadas horas, o homem das cavernas e a sua gaguez nervosa, os karaokes, os concertos das igrejas evangélicas!,etc. e tal.



O que me faz chorar: qualquer parvoíce é motivo para me por os olhos a lacrimejar.. sou uma "madalena arrependida", como diz a minha mãe!



O que menos gosto: relógios, detesto que me controlem com base em fusos horários indeterminados, as mentalidades retrógadas da nossa sociedade, de receber visistas inesperadas de gente que não é visível nem palpável (não é para entender, mas, felizmente, estas invasões parecem ter acalmado de há uns tempos para cá)..


Epah, isto já está a ficar grande demais e ainda não disse uma de jeito.. jesus maria josé..


na verdade, isto apenas me permite concluir que não há forma de alguma vez compreenderem o que vai ser escrito para aqui, mas, de qualquer modo, não são obrigados a voltar! viva a "liberdade"!

23 março 2007

Acto de Encetação..


Quando alguém inicia um blog, o seu máximo desejo é partilhar com uma comunidade incógnita tudo aquilo que bem lhe apetecer, desde as maiores patetices e alucinações até aos assuntos mais sérios e irreverentes..
O grande obstáculo a este acto, que faz com que os indivíduos que pretendem criar um blog adiem a sua decisão, não é a busca por uma empresa de blogs em série, nem tão pouco a adaptação às funcionalidades dos ditos blogs.. na verdade, o que me fez aguardar a coragem até ao dia de hoje foi: o-que-escrever-no-primeiro-post.. É o marco decisivo.. Se não ficamos contentes com o produto, abandonamos a obra de vez e nunca mais ponderamos voltar a pegar-lhe.. vamos criando blogs sem conta e, ao fim de pouco tempo, já nem nos lembramos do seu endereço ou plavra-chave..
Escolher o título também não foi tarefa fácil.. Por isso, deixei que o título me escolhesse a mim.. isto para quem crê no destino e na casualidade arguciosa dos acontecimentos, faz todo o sentido.. para os restantes, parecerá apenas uma pura apatia perante as decisões que têm de se tomar ao longo da vida.. talvez seja um misto das duas..

Hoje acordei com a música de Bob Dylan na cabeça.. a dita tocava ininterruptamente no meu disco rígido..

Dirigi-me, então, ao computador, com o objectivo de ver os mails recém-chegados e verificar se alguém especial estaria disposto a uma conversa assíncrona por meio de msn..
Eis, senão, quando te avisto, doce criatura dos pântanos, fonte de mil inspirações fidedignas..

Pode parecer que não tem nada que ver com o assunto inicial, mas, na verdade, esta referida criatura impulsionou o meu passo final..

E aqui estou.. encetadinha!

Por uma questão lógica, decidi iniciar com a conhecida cantilena de Bob Dylan, Blowin' in the Wind..



How many roads must a man walk down
Before they call him a man
How many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand
How many times must the cannonballs fly
Before they are forever banned
The answer, my friend, is blowing in the wind
The answer is blowing in the wind
How many years must a mountain exist
Before it is washed to the sea
How many years can some people exist
Before they're allowed to be free
How many times can a man turn his head
And pretend that he just doesn't see
The answer, my friend, is blowing in the wind
The answer is blowing in the wind
How many times must a man look up
Before he can see the sky
How many ears must one man have
Before he can hear people cry
How many deaths will it take till he knows
That too many people have died
The answer, my friend, is blowing in the wind
The answer is blowing in the wind